domingo, 11 de outubro de 2015

MONOTONIA ENTEDIANTE

O homicídio domina superlativamente a temática fílmica e televisiva. Depois dos westerns – adoro o género, digo já – onde os cowboys no cinema eliminaram metade dos habitantes da Califórnia, nas últimas décadas o assassinato ganhou foros de eleição no mundo dos textos e scripts, da literatura à tela. Há bons estudos sociológicos a isentarem os média como responsáveis pelos crimes da vida real. Alguns, porém, admitem a criação de clima favorável. De qualquer modo só a monotonia já se torna entediante em termos de saúde mental.
É possível e desejável fazer obras muito boas no filme como na literatura longe desta temática. A série Lei e Ordem, da conservadora Fox, é afinal, dentro do género crime, um produto de boa qualidade, explorando preventivamente outras abordagens, designadamente o rapto de menores e o abuso e violação sexual. Há formas de escapar à generalização.
A globalização – coisa boa em si – teve no cinema uma das suas expressões mais conseguidas. Talvez se falasse com mais propriedade se nos referíssemos mesmo a americanização.
Todavia, se em muitos aspetos tal mundialização não fechou no global deixando as portas abertas à transição deste estádio para o particular, ao invés do imaginado e temido por inúmeros profetas da desgraça, na verdade afigura-se difícil para já uma reversão da temática homicídio. Tanto mais quanto o liberalismo económico dominante na União Europeia não parece suficientemente forte para o evitar, nem sensível à frase da campanha de Clinton, tão reiterada, «as pessoas em primeiro lugar», aquando em sede de discussão do acordo global de comércio com os EUA.
Outubro 2015

Henrique Pinto
Julianne Margulies

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