A Cunha Rodrigues, Procurador-geral da República durante 17 anos, chegou a colar-se o ápodo de Arquivador Geral, laracha a lembrar em permanência não se conhecer qualquer dos figurões cujos actos tenham merecido acusação. Dele se chegou a dizer ter os políticos na palma da mão. O livro que a Visão antecipa neste Setembro teoriza pois o que afinal foi um tanto a sua prática mais comentada, o ascendente político dos actores da justiça. Ao atribuir aos juízes «
conferem prioridade à solução técnica e não à solução justa» ou «
cultivam a ideia ou o preconceito da obstinação da política em perverter a justiça» espera-se o suscitar duma saudável querela.
Ultimamente Medina Carreira aparece muito na TV. Foi ministro das finanças no I governo constitucional Acabou a ser diminuído em público pelo seu colega Sousa Gomes, proeminente gestor nos últimos anos. Há trinta anos virou costas ao PS em desacordo com a sua política económica.
O tempo passou.
Uma e outra personalidade parecem ter ainda muito a ensinar-nos. A primeira desenha um libelo acusatório sério à magistratura portuguesa. A segunda faz o prognóstico de sempre da economia do país.
Ambas terão com certeza crédito nos seus estudos. Todavia, em época de eleições – não se podendo agora alterar o método, e logo as regras, eu também gostava! – cai um tanto mal qualquer dos reparos.
O ar algo do género «
é de aproveitar a altura», confunde, não há tranquilidade para aproveitar todo o sumo da escrita, é susceptível de ferir no caminho quem o levou ao actual púlpito. O rotular
todos os políticos dos últimos 15 anos de patetas e lançar manchetes tipo «Portugal é um grande BPN», tem tanto de arrogância como da eterna rabugice.
HpintoSetembro 09
FOTO: Medina Carreira, advogado e comentador político
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