quarta-feira, 16 de abril de 2014

A ESPERANÇA

Os que entenderam que a evolução mais recente da globalização acabaria com os nacionalismos ou diluiria as culturas locais, estavam enganados. Quem idealizou que tombado o Muro de Berlim os imperialismos seguiriam o caminho dos seus fragmentos – e grande foi a polémica filosófica, desde O Fim da História ao Conflito de Civilizações -, laborava no erro. Os que viram a imprensa do futuro como obra de jornalistas, como Alain Minc no fim dos anos noventa, estava a léguas de imaginar este mundo de propaganda e de ilusão que nos rodeia hoje. Dia após dia vemos lançarem-se lebres na comunicação para se apreciar quem mais depressa crê. Quem se ilude com promessas e não é noviça no amor cedo se amargura. Alguém muito ingénuo tomará por vero dizer-se que as pessoas não saberem quando fazem mal, se prejudicam os outros, ou que, se o fazem, nunca é no seu próprio interesse ou no do clã. Existirão seguramente saídas laicas e não esotéricas para a esperança. Mas ter-se-á de pugnar muito para lograrmos outras vias de representatividade do espaço público, físico e intelectual.
Abril 2014
Henrique Pinto

Sem comentários:

Enviar um comentário