quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O ÉBOLA É TAL E QUAL COMO MUITA GENTE

Há pessoas que viram a casaca frequentemente ao longo da vida. Algumas, até, fazem-no várias vezes ao dia.
Os vírus também são assim. Evocam-nos o mimetismo da fala, das ideias, como o dos efeitos letais, de certas figuras de suposta responsabilidade social.
Podem ser (ou parecer) inofensivos. Mas se por qualquer razão química ou ambiental mudam a sua camada de genes exterior, podem adquirir uma capacidade mortífera suscetível de descontrolo de escala planetária. E o contrário também é verdade.
Acontece assim, seja o vírus da gripe (todos os anos), do sarampo ou do Ébola.
Razão porque se pode dizer sem errar, bastantes pessoas, técnicos e intelectuais, um pouco por todo o mundo, ao reagirem contra a vacina para a gripe A (era imperioso os países estarem preparados para o comportamento viral tipo catavento), prestaram um mau serviço à Humanidade. Esta beneficiou, felizmente, do turn over na virulência.

Sei que Francisco George conhece tudo isto como poucos dirigentes no mundo. Sei que o ministro Paulo Macedo se informou substantivamente com ele antes de poder intervir amanhã na Assembleia de Ministros da Saúde na Organização Mundial de Saúde, em Genebra.
Assisti a alguns destes eventos durante mais duma década. Conheci muitos homólogos do nosso diretor geral da saúde. Sei do que falo.
Provavelmente amanhã haverá um olhar mais fino sobre o controlo do Ébola. E pode mesmo ter um raio de luz português.
Já tivemos alguma influência na política de controlo aeroportuário. Mesmo se os dirigentes locais e institucionais se esquecem de informar o seu pessoal. Mesmo se parte deste por vezes nem esconde a sua ignorância e incomoda quem sabe!
Mas, a uma escala mais ampla, não basta evitar que o vírus galgue fronteiras. É premente o auxílio organizado do mundo possidente (e não me refiro apenas aos governos, falo sobretudo das corporações da indústria, do mecenato financeiro, etc.), no plano técnico e no financeiro. Importa estabelecer medidas de contenção no interior da Guiné Conakri, da Libéria e da Nigéria. É de relevar, particularmente, o empenho na investigação científica, a nível público (claro!), mas particularmente na indústria. Ninguém investe em vacinas ou retrovirais!

Outubro 2014
Henrique Pinto

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