quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

DE TODO INCOMUM

A coexistência pacífica dos opostos é um dos pressupostos de vivência democrática. A representatividade das ideias tanto quanto a participação dos cidadãos na regulação da sua vida em comunidade, são condições incontornáveis dessa vivência. A um certo nível da convivialidade democrática tais condições podem impor-se por consenso, fruto da tolerância e da boa educação. Noutros é desejável normalizarem-se condições para o estabelecimento de maiorias estáveis e de significada força na representação e no imperativo participar. Tal como na matemática, a média nem sempre é o melhor indicador duma boa distribuição.
Não é normal haver oposição formal no interior da grande maioria dos clubes rotários do mundo. O ingresso dos membros assenta por regra no consenso. Se é verdade que há muitos anos se usavam alguns procedimentos herdados dalguma influência maçon, transitória, como o secretismo nas bolas pretas e vermelhas aquando das admissões, tudo isso acabou. Hoje, até na América, onde ainda é chique ser maçon, impera a consensualidade do companheirismo aquando das votações. Eu sempre procedi assim em qualquer dos meus múltiplos empenhos. E não poucas vezes recuei com propostas até elas serem moldadas, compreendidas ou reformadas no sentido da aceitação geral. Porque há patamares da sociedade onde tal é absolutamente possível e desejável. O associativismo é um desses oceanos de representatividade e envolvimento.
Por isso entre os Rotários do mundo é de todo incomum haver duas ou mais listas que se digladiem.

Talvez porque a representatividade política em Portugal é o que é, uma variante do futebol, começou frouxa e já não é ocasional a tendência para os Rotários se confrontarem politicamente, dentro e fora dos clubes. Alguns dão mesmo o mau exemplo de o fazerem com exuberância, irredutíveis. Eu acho tal agir absolutamente deplorável à luz dos mais que proclamados imperativos do companheirismo e do Servir. 
Dezembro 2013
Henrique Pinto 

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