segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

PRIVILÉGIO DOS DEUSES

Tive o privilégio de poder contar com dois amigos, academicos tão ilustres como o Professor Doutor Manuel Assunção e o Professor Doutor José Reis, apresentando o meu livro «Do Estado Novo ao Pós-modernismo Cultural, um Estudo de caso, Uma história de amor», ou a minha própria pessoa. É um privilégio apenas concedido aos deuses. Que, por desatenção seguramente, terão permitido que eu e vós pudéssemos fruir o momento de modo tão prazeroso. 
Muito obrigado pelo vosso esforço e empenho tão qualificados e pela deferência amiga em aceitarem o meu pedido.
O amigo Rui Grácio, conceituado editor coimbrão, terá sido tocado pelo entusiasmo do nosso querido amigo comum, o professor Henrique Garizo, e acedeu fazer a edição do livro com o suporte da atual direção do OLCA. Muito obrigado meu querido amigo.
Fazer um livro é algo tão trabalhoso. Exige tamanha atenção na escrita e porfiadas revisões. Sendo este um livro de cariz ensaístico ou científico, os cuidados técnicos são redobrados – muitas notas, referências, consultas, citações, nomes, e são mais de quatrocentos neste livrinho -, apelam a redobrados cuidados. É quase uma cirurgia das mais árduas, ao cérebro, ao fígado ou à mão.
Numa curva do meu Doutoramento houve que fazer um trabalho de investigação intermédio, que em princípio deveria merecer um enquadramento pelo método científico tradicional, o quantitativo.
Todavia, a ideia de corporizar o trabalho cultural duma instituição cultural, que, por inerência do meu próprio contributo ali, sabia ser singular e suscetível de constituir paradigma, já me vinha motivando há uns dois anos. Tinha até já compulsado o grosso da informação. 
A altura não me era favorável porquanto foi nesse interim que me foram feitas várias intervenções cirúrgicas a ambos os olhos.
Manifestei ao Dr. Serafín Abajo Olea o desejo amadurecido de fazer um Estudo de caso com todo este material, tanto pela sua importância intrínseca como pela singularidade no país. Com efeito consultei tudo quanto já se escreveu em Portugal e no mundo sobre os fautores da cultura, e nomeadamente Estudos de caso, e os achados quanto ao nosso cantinho são constrangedores. 
Mesmo em mestrados e doutoramentos, feitos por cá, há pouco mais de dois ou três casos de trabalhos bem feitos. E não estão nem no tecido empresarial nem no da cultura.
Claro, a investigação tipo Estudo de Caso é um método qualitativo, próprio das ciências sociais. Mas o meu distinto colega desde logo aceitou o repto. E eu, mesmo dominando mal a sociologia lancei mãos ao trabalho. Estudei-a. Graças a uma bibliografia imensa de que me socorri, o produto final aí está. Creio que todos poderão encontrar nele motivos de interesse.
Sendo o OLCA o meu hobby de eleição à altura, onde foi possível estabelecer doutrina sobre a ação cultural, e desenharem-se estratégias de intervenção cujo aprofundamento tem orientado as mais distintas instituições de pesquisa cultural no país e as autarquias portuguesas mais proficientes no fenómeno cultural, Cascais e Porto, foi particularmente importante enquadrar este esforço no movimento dos novos tempos pós queda do Muro em Berlim, o Pós-modernismo.
Um Movimento que, nascido sobre o desenvolvimento tecnológico na comunicação e em circunstâncias de manifesto efluxo na liberdade, não deixa de ter vertentes muito contraditórias.
Enxertado exatamente sobre a globalização, tão vilipendiada e execrada por imensos intelectuais, mas de notável influência positiva na vida dos cidadãos do mundo mais desenvolvido, como é reconhecido por tantos outros, dele transparecem contradições que se refletem sobre a produção cultural e esta mesma produção enquanto movimento que transforma e faz crescer de modo saudável o mundo, física e intelectualmente.
Aqui chegado, compreende-se que, numa qualquer época, conceptualizar o que se faz em cultura, dar a devida razão a cada passo, contribui para que ela possa desenvolver-se enquanto estratégia de afirmação e desenvolvimento é por demais exigível.
Vai-se à música ou ao ballet. Mas porquê? Qual o interesse físico e intelectual destas práticas para a vida das crianças ou dos idosos, por exemplo? E quais são os fundamentos do que se faz? Segue-se uma via ou outra apenas por seguir ou há caminhos em investigação que maximizam a associação do belo ao saudável?
O resultado das práticas no OLCA, enquadrado na Leiria e nas suas gentes desde o século XVI até ao presente, e na história e filosofia dos grandes movimentos do pensamento contemporâneo mundial, é um desfecho muito positivo e saudável. É uma honra para quantos o vivem e o país que o tem.
O meu livro constitui assim um legado cultural, para a cidade, para os pensadores da cultura no país, para os lideres da produção cultural, nomeadamente os do OLCA, para quem faz a história das ideias e das cidades, para os dirigentes políticos de espírito mais aberto, mas, sobretudo, para os cidadãos curiosos de saberem o porquê das coisas.
Amigos, queiram aceitar o meu reconhecimento por me distinguirem estando aqui. Mas, para além do meu vivo agradecimento aos editores, e designadamente ao OLCA, à sua direção, corporizado no seu presidente atual, Arquiteto Carlos Vitorino, há outros gestos similares que me são moralmente exigidos.
A D. Clementina Antunes, orfeonista insigne e professora, fez a revisão do texto complementando os dicionários oficiais dos computadores, insuficientes num produto como este. Ao amigo Sérgio Claro deve-se a qualidade fotográfica. Ao Rui Grácio competiu a edição e a coordenação editorial, que encontrou em Federico da Silva a pessoa ideal para compor a capa e proceder ao desenho gráfico. E o amigo Henrique Garizo envolveu-se a fundo para que tudo corresse bem. E correu. Bem hajam todos, meus amigos. Muito obrigado
Quinta do Fidalgo, 29 de Novembro de 2013
Henrique Pinto




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