quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

MEMÓRIAS E ESPERANÇAS

O que as notícias nos trazem da Ucrânia é, sobretudo, um confronto de memórias e esperanças.
Por muito bem intencionadas que possam ser as propostas de Moscovo e do presidente ucraniano – e muitos são os que duvidam dessa candura –, as memórias do passado ainda vivo de «come e cala», a penúria, o silêncio dos espíritos num povo letrado, a opressão patriótica, o orgulho amordaçado, traços da esperança infundada do comunismo, são de molde a que se repudie toda a aproximação pretérita suspeita.

A União Europeia, porventura o espetro democrático mais amplo de sempre, com a abertura das terceiras vias do filósofo Anthony Giddens e a influência nefasta da desregulação neoliberal, e o seu ascenso como doutrina de poder, tem vindo a desiludir os europeístas mais convictos. O ressuscitar do papel histórico da 
Alemanha e a adesão à EU de muitos países seus interlocutores privilegiados, cujas lideranças se reveem na sua política, mais tem contribuído para a atomização europeia e o efluxo da importância das dívidas externas.
No entanto, para os ucranianos, mais forte que as consequências desta deriva, são as esperanças na democracia e num nível de vida melhor e mais tranquilo que a Europa lhes poderá prodigalizar.
Dezembro 2013
Henrique Pinto


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