domingo, 1 de dezembro de 2013

TODOS OS MEUS DIAS SÃO DIFERENTES

Depois duma decisão muito amadurecida e apoiada e dum período de transição previsto por mim desde esse instante, a 30 de Junho deixei finalmente a presidência do Orfeão de Leiria/Conservatório de Artes.
Foram trinta anos e seis meses de muito ardor, de alguma dor, mas sobretudo de grande felicidade. Foi praticamente metade da minha vida. De tal modo que, mesmo sendo reconhecido pelo trabalho a outros níveis, e 
designadamente como responsável pela Saúde em Leiria, muita gente terá pensado que o Orfeão era a minha profissão, e seguramente bem remunerada, tal a forma como em mil ocasiões as pessoas se me dirigiram.
E no entanto, durante todo este período, voluntário como em tantos outros empenhos, todos os meus dias foram diferentes, eu sempre estive em várias latitudes e em diversas funções simultaneamente, e particularmente naquelas que me asseguraram o sustento.
E fui assim no liceu, na universidade, na vida. Muito antes de existirem os marcos atribuídos ao evoluir do pós-modernismo, que hoje aqui confrontamos através do meu livro, e de que a diversidade é um dos condimentos, eu já trilhava dessa forma o meu caminho. 
Fosse no estudo e como jornalista, fossem ambas as coisas e também desportista ou um amante do mar, fosse estudante ou profissional, cantor em corais e dirigente associativo, ou professor e médico, investigador e médico, médico em não sei quantas terras por vezes a um só tempo, no 
horror das urgências ou no carinho das consultas, na grande paixão como é a da epidemiologia ou nos estudos de nutrição clínica, anos de ser procurado por mais de vinte mil doentes, leitor inveterado de milhares de 
livros e revistas, cinéfilo por excelência, espetador de concertos, de Tóquio a Joanesburgo, concertos de todos os géneros, de Peter Gabriel e Paul Simon a Miles Davis, Benny Goodman, John Coltrane, Thelonious Monk ou Duke Ellington (em boa parte privilégio de ter morado por longo tempo em Cascais, outra paixão), e destes à Orquestra e Bailado Gulbenkian ou à
London Simphony, tantas vezes revisitada no Royal Albert Hall Auditorium em Londres.
Henrique Pinto
2 de Dezembro de 2013



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