terça-feira, 16 de junho de 2015

CANCRO, IDADE E SEXO

Ainda não esfriou o espalhafato da revista Time ao fazer parangonas sobre a cura eminente do cancro em geral. Sabe-se, infelizmente, andar pelos 25% a taxa de mortalidade para este universo de patologias. Terá sido uma mentira desbragada, tanto maior quanto criou expectativas favoráveis muito amplas e altas.
Porém, há equívocos generalizados sobre a saúde física e mental bem mais graves, porquanto assentam na ignorância, no atavismo, no preconceito, e são suscetíveis de efeitos perversos numa escala maior.
Só na última década a esperança de vida ao nascer subiu à volta de cinco dígitos para homens e mulheres. Esta onda vital tem consequências muito positivas no bem estar. E força o pôr em prática de novas políticas, assistenciais e demográficas.
Aquela anedota tola, como todas as anedotas o são, sobre o idoso de noventa anos com uma ereção vigorosa sem se lembrar da utilidade de tal bênção é uma quase tolice. Provavelmente a senilidade, o parkinsonismo, o Alzheimer, estas duas últimas patologias já identificadas como ligadas ao metabolismo erróneo de proteínas, levarão mais tempo a obter cura ou minoração, por relação ao cancro. Até pelo investimento praticamente insignificante reservado à patologia mental.
Todavia, na ausência de danos mentais graves, o relacionamento sexual ativo é hoje mais longevo, a acompanhar as melhorias da qualidade alimentar, o exercício físico, a qualidade de vida, a informação, a diminuição dos excessos medicamentosos, ou mesmo o maior diálogo intergeracional. Os ganhos estéticos resultantes permitem-nos dizer que uma pessoa de 60 anos, quase a entrar na tabela oficial dos idosos, pode facilmente ter uma aparência cronológica de cerca de 20 dígitos para menos.
Além do mais homens e mulheres usufruem hoje de ajudas farmacológicas e técnicas passíveis de resolverem problemas extremos.
É dever dos médicos contribuírem, clínica e socialmente, para aclararem tais questões. Até para não deixarem tal dossiê à responsabilidade exclusiva das revistas do coração, opacas e mitificadoras. Ora, de mitos, já temos quanto baste!
Henrique Pinto

Junho 2015

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