terça-feira, 9 de junho de 2015

PORTUGAL, DO ESTADO NOVO À UNIÃO EUROPEIA

Em 28 de Maio de 1926 foi desencadeado um pronunciamento militar em Braga que rapidamente alcançou êxito. A Primeira Reblica (1910- 1926) agonizava num descdito tal que monárquicos, conservadores e a democratas republicanos reclamavam «um governo forte». A chegada de Oliveira Salazar ao governo, primeiro como ministro das finanças, e mais tarde como presidente do conselho de ministros, vai levar ao reforço do autoritarismo do regime cuja denominação oscila entre o «autoritarismo de cátedrpara os seus opositores e Estado Novo para os prosélitos da situação (Cardoso, O.; Coelho, J. D. 2000). É uma «longa noit para as liberdades e o conhecimento, cruzado pelo corporativismo, a recusa do Plano Marshall e a emigração massiva, sobretudo  clandestina,  a neutralidade na guerra mas a pobreza a marcar as gentes,  em especial  nos campos, pelo isolamento,
consubstanciado  no «orgulhosamente só nas diatribes com a ONU, pela militarização da juventude na Mocidade Portuguesa, pelo partido único e a repressão política, a guerra colonial, que se estende até 1974. Ressalva-se positivamente a adesão de Portugal à EFTA em 1959. O regime não se sustenta mais que seis anos desaparecido politicamente o seu mentor em 1968.
O golpe militar de 1974 foi o passo decisivo para um novo momento fundador para este país do sul, secular.
Nas últimas décadas as mudanças na sociedade portuguesa foram muito profundas.
Sendo certo que o país é o mesmo, passámos a viver numa sociedade muito diferente (Barreto, A. 2005). Dir-se-ia caricaturando ter o país passado diretamente da idade média para a s-modernidade.
Por via das alterações políticas e sociais,  com destaque  para a descolonização, modifica-se o espaço de influência do país. «A descolonizão vai, assim, introduzir uma nova perceção do território e novas formas de encarar o espaço português [com consequências] quer ao nível da arquitetura política, quer a nível das relões sociais e dos modelos económico (Ferreira, J. 1993).
O período que se segue imediatamente ao «dia da restauração da liberdad foi de euforia e contradições, ocupações sem controlo de propriedades, greves, «órgãos do poder operári nas empresas, a «invasã, das associações culturais e recreativas à administração local e ministérios, sobretudo o da educação, pela esquerda mais radical, atitudes «putchistade militares e sectores mais extremistas, primeiro da esquerda e depois da direita, saneamentos de intelectuais, políticos e banqueiros.
«A complexidade da composição social constituída pelo operariado urbano da cintura industrial de Lisboa, por uma pequena burguesia das principais cidades a que se adicionou uma massa de trabalhadores rurais, principalmente originária da província do Alentejo» (Santos, B. 1990), enforma esta movimentação.
À «tempestade tropical», quente e mida, seguiu-se a bonança, fruto do esclarecimento e entusiasmo de políticos e militares bem formados e reformistas.
O fim do Estado Novo determinou uma viragem profunda na política externa, marcada primeiro pela descolonizão (embora tardia em relação a outros países colonizadores, nomeadamente à Inglaterra e à Holanda, os resultados a dia distância parecem ser mais prometedores que os daqueles Estados) e a adesão à CEE em 1986. Esta adesão significou «a total identificação da sociedade 
portuguesa com um projeto social aberto e democrático pautado por uma maior qualidade de vida, projeto este desejado pelos portugueses  pelo menos  desde o final da década de 50 do século  XX (Jerónimo,  M. 2010). Ainda que a agricultura e as pescas tenham praticamente submergido, por negociações menos conseguidas, e o sector industrial exportador tenha tido maior expressão em produtos tradicionais, Portugal viveu duas décadas e meia de grande desenvolvimento social depois da entrada para a CEE/EU, graças a esta postura relevantíssima do suporte europeu.
A massificação do ensino tem indicadores muito positivos. Entre 1998 e 2008 entraram mais 400000 estudantes para o ensino superior e os matriculados pela primeira vez neste nível de ensino entre 1996 e 2011 teve um acréscimo de mais de 50000 indiduos. Se as matrículas no ensino sico rondavam os 180000 alunos no intervalo entre censos 1961-1971, esse valor duplicou no intervalo 1980-2011. A percentagem de população ativa em relação ao total de cidadãos em idade ativa aumentou apenas 2,2% de 1983 para 2009. Todavia, neste intervalo o emprego masculino caiu 7% enquanto o feminino aumentou cerca de 10% (Dado
INE/Pordata). Das 164 bibliotecas existentes em 1997 chegou-se às 2402 em 2010. O mero de espectadores de cinema por mil habitantes sextuplicou entre 1983 e 2010, ainda que com uma crise em 1995, porventura devido ao epifenómeno do vídeo (INE, a 2003, ICA/MC/Pordata, depois). O mero de espetáculos ao vivo em 2009 cifrou-se em 10925, treze vezes mais que em 1983, mas o número de espectadores subiu 36 vezes relativamente ao mesmo período. Neste mesmo ínterim a um aumento de 50% no grosso dos espetáculos de ópera correspondeu um acréscimo de 75% no volume de entradas (Dados INE até 1998, Inquérito a espetáculos/MC/Pordata depois). 

No campo das despesas das câmaras municipais no domínio da cultura o orçamento para o património como para a música significava na mesma altura 0.7% do total para cada área. Em 2009 esses valores eram 10 e 0,6%, respetivamente. Todavia, enquanto os encargos patrimoniais aumentaram em cerca de 60% os afetos à música cresceram 75% em igual espaço de tempo.
Por outro lado, desde a adesão portuguesa à Europa a esperança de vida ao nascer passou de 70, 3 para os 76,1 anos nos homens, e de 77,1 para 82,1 anos nas mulheres, de par com um decscimo de 15,8 para 2,4 mortes com menos de um ano de idade, por cada mil nascimentos em 2010 (dados Pordata), uma das melhores taxas de mortalidade infantil do mundo. Este último resultado espelha sobretudo a melhoria da qualidade de vida, mas não lhe pode ser indiferente o excelente trabalho na área materno-infantil depois de 1971 e, depois, com a institucionalização do serviço nacional de saúde.
As repercussões da implosão financeira internacional de 2008, num país sem grande substrato produtivo (com altos e baixos é um anátema mais que secular), conduziram à atual situação, que se pode dizer de «crise financeira de curto prazo, uma crise económica de dio prazo e uma crise político-cultural de longo prazo» (Santos, B. S. 2011).
Todavia, há e sempre houve lugar para uma visão otimista e de confiança na inteligência da boa vontade. «Portugal o é apenas um país de marcada identidade, grande tradição aberta ao mundo, fortes contrastes geográficos alternando num território relativamente pequeno, belas paisagens marítimas e rurais, regime plenamente democrático e população cordialmente acolhedora. É também um país de modernidade europeia, apostado no progresso empresarial e tecnológico, na renovação e atualização do seu tecido produtivo, na excelência do seu sector dos serviço  e na qualificação dos  seus recursos  humano(Moura, V. G. 2003).
O resgate financeiro internacional vigente é um dos eixos deste status. Até que ponto o empobrecimento resultante das «políticas de ajustamento financeiro» alterarão a estrutura social do país? Mesmo para os inicialmente mais céticos a UE representa para Portugal ter-se feito «um país mais aberto, com capacidade para atuar num enquadramento caracterizado pela diversidade e com uma visão cosmopolita das relações internacionais» (Jerónimo, M. 2010).
Leiria 2011
Henrique Pinto
In Do Estado Novo ao Pós-modernismo Cultural




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