domingo, 20 de dezembro de 2009

OS MUROS QUE SE ESBOROAM PELO NATAL


É normal ver-se uma árvore de Natal em Telavive ou Haifa, em Israel, ou em Abu Dabi, nos Emiratos Árabes. O valor acrescido desta época, de raiz simbólica eminentemente cristã, é hoje património ecuménico de boa parte da Humanidade, mais pelo significado que sedimentou, transfigurando-se como época de tréguas, de consagrar da paz numa ânsia tão veemente como a da felicidade, da pertença substanciada na família, sem rigidez modelar, na tolerância sem cegueira, que pela relação milenar do cristianismo.
A minha querida amiga Alana Bergh diz-nos lá do gélido Alasca, assertiva, «ao celebrarmos este mês da família, muitos de nós participamos em celebrações religiosas como o Natal, o Manukah, o Kwanzaa ou o Ramadão, enquanto outros celebram o Solstício». Indiferentemente às celebrações diversas o traço de união está no envolver-se a família, mesmo se tal transporta o ónus da distância, da brecha no gelo, da indiferença, do troar das armas, da pobreza, do egoísmo e de tantos outros muros que, à força de querer, se esboroam.
Cada uma das pessoas conscientes dos novos e vetustos sinais deste inequívoco oásis da felicidade – indiferente ao comércio que a tudo se liga, naturalmente, não sendo em si um mal – pode esforçar-se por lhe acrescentar partículas de fermento, em novas ideias e actos exemplares, originais, com marca de futuro, susceptíveis de levedarem com os tempos - imunes ao desgaste dos preguiçosos mentais, aos trejeitos da mente tortuosa dos «jovens velhos», dos descrentes na harmonia. Bem e mal coexistem numa relação de forças mutável, passível de franco desequilíbrio. Desse fermento mais palmeiras se podem erguer no ar cálido. Queremos ver a água límpida brotar em cascata, tingida pela música de Bach, Mozart ou John Lennon, sangue arterial de esperançoso alento.
É com esta imagem idílica intelectualmente assumida, estereotipada, madura e reflexa no nosso córtex cerebral, que deixamos a todos, amigos ou nem tanto, os votos calorosos de Boas Festas e Feliz Ano Novo.
Henrique Pinto
Natal 09
FOTO: Cartão de Natal do UNICEF

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