quinta-feira, 8 de outubro de 2009

PALAVRAS INSENSATAS


As declarações do meu colega Pedro Nunes, Bastonário da Ordem dos Médicos, proferidas no Alentejo, quanto ao «excesso de alarme e de zelo» no tocante à gripe A, a exemplo da Ordem Espanhola, são, no mínimo, insensatas e ofensivas para o trabalho dos epidemiologistas, por isso mesmo mais competentes do que ele para falar nessa matéria (e a quem lhe compete defender perante a iliteracia de terceiros, para tal foi eleito), que têm vindo a trabalhar excelentemente o assunto em Portugal. E avanço mais, são cientificamente pouco fundamentadas. Pois o mesmo assim admitido por ele, ter sido feita alguma pedagogia, só por si já justificava tudo o oficialmente dito e feito, não apenas neste momento mas também quanto ao futuro.
Se o suporte da ciência para o afirmado pelo Bastonário radica na comparação do considerável esforço português, com o mau trabalho feito a propósito na generalidade dos países europeus, ou até com o discurso ignorante e recorrente do ministro da saúde inglês, então o colega Pedro Nunes precipitou-se, as suas declarações são suposições como qualquer cidadão menos informado poderia construir. E daí, do ponto de vista médico, serem um erro bem volumoso.
Na verdade a gripe A tem tido uma curva de incidência de extremos alargados por a sua benignidade ser até agora superior à esperada, mas, sobretudo, por via dos cuidados maiores ou menores que têm sido tomados.
Terá estudado virologia? Qual o objectivo de minimizar a prevenção em curso!?
Henrique Pinto

Outubro 09

FOTO: Pedro Nunes, Bastonário da Ordem dos Médicos

8 comentários:

  1. As conspirações do silêncio sobre a SIDA e agora a gripe H1N1, que anda há meses em e mails e na NET, seriam de menosprezar se não tivessem seguidores impensáveis. A quem interessam?
    Duarte Pessoa

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  2. O presidente da Ordem dos Médicos de Espanha, Juan José Rodríguez Sendín, denunciou hoje que existem interesses económicos por detrás da criação de "uma epidemia de medo" causada por uma "doença fantasma", noticiou o diário espanhol "El País".
    Já ontem, o conselho-geral da Ordem dos Médicos de Espanha tinha advertido, num comunicado de imprensa, que se está a criar "um alarme e uma angústia exagerada à volta da gripe A". Mas esta manhã Rodríguez Sendín foi mais duro nas críticas que proferiu durante uma conferência de imprensa. "Existem interesses económicos, que são evidentes, e inclusive políticos", acusou o responsável.
    "Com os dados à frente" confirma-se que o vírus da gripe A regista taxas de mortalidade e complicações "bastante mais leves e toleráveis" do que as que a gripe sazonal manifesta todos os anos, acrescentou Rodríguez Sendín. Assim, "95% dos pacientes irá passar pela doença sem problemas" e "não há razão para serem mais vacinados" do que já são para resistir a uma gripe normal, tranquilizou o responsável.
    Após ouvir as críticas dos médicos, a ministra espanhola da Saúde,Trinidad Jimenez, teve de admitir um alarmismo exagerado e desproporcionado à volta do vírus H1N1. "Talvez estejamos a exagerar um pouco à volta de uma doença que, segundo as informações que dispomos, não tem efeitos muito maiores do que a gripe sazonal", reconheceu a responsável. Jimenez até elogiou os médicos que tomaram a iniciativa de transmitir "uma mensagem de tranquilidade" "muito razoável".
    JLB

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  3. «So this will have a role to play in the apparition of variants of drift variants, this is not sure. You know the influenza virus is instable by nature. So we know it will evolve. For the first time being it hasn't changed and the viruses are circulating are still like the ones which have been isolated at the beggining. So what will happen in a virus drifts, changes, well if it does´t change too much the vaccine that has to be develloped...(...)
    Dr. Marie Paul Kieny
    WHO Director of the Initiative for Vaccine Research
    24 de Setembro, Genebra

    Nunca as Ordens foram tão longe na imprudência. A este propósito lembro o meu artigo publicado neste Blog em Agosto/Setembro sobre a atitude de Mbecki em relação aos retrovirais com as consequências trágicas a juzante.
    Henrique Pinto

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  4. Estimado Colega e Amigo Henrique Pinto,
    os meus votos para que te encontres bem.
    Neste momento só pretendo enviar-te um abraço de parabéns por esta tua iniciativa e dizer-te que em breve irei disponibilizar uma parte do meu curtíssimo tempo para ser um teu seguidor e porventura escrever alguma ideia que possa ter.
    Como está a tua Tese?
    Eu já apresentei a minha Tesina e estou a fazer algumas investigações para definir claramente o que irei realizar na Tese.
    Um grande abraço e continua com toda essa energia positiva.
    Victor Cardoso

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  5. Caro Companheiro Henrique Pinto.

    As minhas mais vivas felicitações.

    Um abraço

    F Barbosa Rodrigues

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  6. Boa Tarde Dr Henrique
    Muito obrigado pela atenção em ter-me enviado o endereço electrónico do seu blog.
    Vou segui-lo com atenção.
    Abraço

    António Moura e Sá

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  7. O que é mais frustrante nesta actuação desastrada da Ordem dos Médicos é a posição absurda de que tudo o que parte do sector público é necessariamente mau (mesmo que feito pelos sócios da Ordem mais qualificados na sua especialidade), por oposição ao falso liberalismo de que os médicos no seu conjunto enquanto Ordem são a esperança do mundo.
    Mas na verdade, se a nossa Ordem tivesse funcionado como um parceiro credível nesta matéria, teria sido muito melhor. Deixasse as conspirações do Rumsfeld, como circula, a opinião dos Espanhois ou dos invejosos dos proprietarios do Tamiflu e das vacinas, para quem mais não faz que intoxicar o correio dos amigos e conhecidos com e mails e powerpoints patetas.
    Um abraço.
    Duarte Santos
    (Lisboa)

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  8. Cinco mitos sobre a vacina
    26.10.2009 - 08:19 Por Catarina Gomes

    Só serve para dar lucro aos laboratórios

    À teoria da conspiração que diz que o fenómeno está a ser empolado para dar lucros aos laboratórios que fabricam as vacinas, a subdirectora-geral de Saúde, Graça Freitas, responde que, "como sempre, há crises que resultam em oportunidades em todos os sectores da economia" e ironiza que os laboratórios tinham que ser muito poderosos, porque esta crise está a dar prejuízos a muitos outros sectores, como a companhias aéreas e a indústria hoteleira. Juan Martínez Hernández, especialista em saúde pública e autor do livroGripe A: pandemia gripal 2009, disse aoEl Pais que "a indústria farmacêutica ganha dinheiro mas também perde. Por exemplo, a GlaxoSmithKline [que produz a vacina que vai ser administrada em Portugal] perdeu muito dinheiro com o antiviral Relenza".

    Foi fabricada à pressa

    Já em 2005 dois dos três laboratórios (GlaxoSmithKline e Novartis) que agora fabricam a vacina contra a gripe A (H1N1) tinham vacinas pandémicas protótipo contra o vírus da gripe das aves (H5N1), que se esperava que viesse a estar na origem de uma nova pandemia de gripe. Isso não aconteceu, mas nessas vacinas que foram desenvolvidas na altura, agora apenas foi substituída a estirpe do vírus (H1N1), explica a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas. "O trabalho já estava feito, era só fazer substituição do vírus". Ao mesmo tempo, o vírus é diferente, mas a forma como a vacina é fabricada - através da injecção do vírus em ovos de galinha fecundados - é semelhante à da vacina da gripe sazonal que é administrada todos os anos. "Sabemos coisas por analogia. Há passado", acrescenta a responsável. Décadas de experiência com vacinas da gripe sazonal indicam que a inclusão de uma estirpe numa vacina não deve afectar substancialmente a sua segurança e nível de protecção", acentua a Agência Europeia do Medicamento (EMEA) (...).

    Tem muitos efeitos secundários

    A lista previsível de efeitos secundários divulgada pela Direcção-Geral de Saúde é igual à da vacina para a gripe comum. Inclui como "reacções muito comuns" o edema, dor, eritema, assim como a febre, fadiga, dores de cabeça, musculares e ósseas. Como "reacções menos comuns" refere-se, por exemplo, a equimose no local da injecção e síndroma gripal. Menos frequentemente foram reportadas "reacções cutâneas generalizadas, incluindo urticária e, muito raramente, choque". Após a vacinação, poderão verificar-se, transitoriamente, resultados falso-positivos em testes rápidos no caso do VIH e vírus da hepatite C, que depois se revelam negativos com testes mais complexos, explicaram as autoridades de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que, na maior parte das pessoas vacinadas, os sintomas são suaves e não duram mais de um a dois dias.

    Mas a OMS pede vigilância apertada e antecipa que possam surgir efeitos secundários que só em casos raros serão graves.

    Algumas das preocupações levantadas relacionam-se com a afirmação de que os efeitos da vacina sobre as crianças e grávidas são desconhecidos. Não são feitos ensaios clínicos com estes grupos em concreto, admite a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, mas a vacina da gripe sazonal tem-lhes sido administrada e tem mostrado ser segura, o que levou a Agência Europeia do Medicamento a autorizar a vacina pandémica para estes grupos específicos.


    Pode provocar a morte

    Em 1976, houve um programa de vacinação maciça contra uma epidemia de gripe que surgiu nos Estados Unidos. Foram imunizados 42 milhões pessoas e foi depois detectado em cerca de 500 dessas pessoas um quadro clínico que pode provocar paralisias diversas, o chamado síndrome de Guillain-Barré. 25 pessoas acabaram mesmo por morrer. (...)

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