segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A ESCOLHA PELA ACÇÃO (6)




A violência social e política

Rajendra Saboo intrometeu-se-lhe, demorado, no pensar. Ser Rotário é obedecer a essa voz interior que diz: «olhe mais além de si mesmo»! Ora quantas vezes se mói e remói o passado acrítica e improdutivamente!? Não foi Churchill quem lembrou, «se abrirmos uma querela entre o passado e o presente, descobriremos que perdemos o futuro»!? Na verdade, há muito que assim pensava. O minuto que aí vem é forte, jucundo, supõe trazer em si a eternidade.
Há então que olhar sem delongas quais as novas questões sociais globais, as relações do género, raciais, inter – grupos culturais ou os dispositivos de poder/saber. E mesmo os porquês climáticos ou do exaurido padrão energético. Porquanto entre tantos problemas muito sérios vivem 42 milhões de pessoas com HIV/SIDA em todo o mundo, além de 13 milhões de órfãos cujos progenitores foram vitimados por esta doença. Cerca de 2 milhões de pessoas morrem por ano por tuberculose, outra das principais causas infecciosas de mortalidade de adultos. Cento e trinta milhões de crianças em idade de aprender não frequentam a escola e dois terços dos analfabetos no mundo são mulheres. O sobreaquecimento da atmosfera raia o intolerável.As relações de sociabilidade passam por uma nova mutação mediante processos de integração comunitária e de fragmentação social – violência social e política –, e de selecção e exclusão social, pela massificação e individualização num só tempo. As práticas de violência social e política avaliam-se, nomeadamente, por abandono da agricultura, declínio das produções tradicionais, colapso dos programas de modernização, desconfiança perante as políticas do Estado, generalização do pessimismo, maior diversidade do modelo familiar, diferente sociabilidade familiar, da afectividade e solidariedade para a violência doméstica, e, por funções da sociabilidade partilhadas pela escola e pelos meios de comunicação.
A tarefa dos estrategas e o empenho das pessoas de boa vontade, promovem a sensibilização para o compatibilizar entre a atenção ao desenvolvimento humano e a resposta planetária saudável à globalização ou ao desregramento energético. E concebem esse equilíbrio sob fórmulas diversas: reinvenção das formas de solidariedade; cooperação a todos os níveis; diversificação das alternativas; desenvolvimento da inovação; práticas diversas de gestão pública; novas modalidades de organização social; diferentes estilos de participação social; redefinição do trabalho em múltiplas relações sociais; prevenção e erradicação das formas de violência social e exploração; pela imaginação de novas possibilidades humanas e de novas formas de vontade.
Rotary International, sendo uma organização global e planetária, não é uma estrutura maximalista. Tendo directivas e modos de agir universais não deixa de ter o essencial da sua força na diversidade das raízes, os clubes. Mas estes, nos seus esforços conjugados, podem gerar a gota que enche o oceano.
Está mais vigil agora. Daí todo o apelo à liderança capaz, ao envolvimento e à força anímica dum lema tão forte como o do presidente «Bill» Boyd lhe parece suscitar. Por longos anos que leve a ser ouvido! Mostremos o Caminho, crê, tem a força duma profecia.

Henrique Pinto

Chairman da 24ª Conferência do Distrito 1970 de RI

Introdução à 24ª Conferência de Rotary International, Viseu 2007

FOTOS: Mahatma Ghandi em Kathiawadi em 1915; Ban Ki-Moon, Secretário Geral das Nações Unidas; Henrique Pinto, Marcelino Chaves; Alvaro Gomes; Sonny Brown; Artur Almeida e Silva e José Augusto, Viseu, Portugal 2007

Sem comentários:

Enviar um comentário